É muita coisa em pouco tempo....
Pois é, depois de um longo silêncio, hoje me permito escrever. E por que "permito"? Porque já tem um tempo que eu não consigo admitir gastar meu escasso tempo e minha ainda mais escassa energia com nada que não seja: trabalho, mestrado e finais de semana de ponte aérea. Tá difícil parar. Fim de ano já costuma ser uma correria danada. E este não está diferente. Está bem mais intenso, aliás. Mas hoje uma conversa já no fim do dia me deixou muito feliz, e me inspirou.
O que me traz aqui hoje, pra escrever nesse blog que já é um antigo companheiro, é a coisa mais clichê que existe nesse mundo, em dezembro: retrospectiva. Pois que atire a primeira pedra quem não chega nessa época fazendo um balanço de todos os acontecimentos do último ano. Então essa é a minha
(e o blog é meu, eu escrevo o que quiser nele). Sou previsível? Foda-se!
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tempo de olhar pra trás... |
E eu começo dizendo, que, olha, há um ano eu tava na
merda. Merda em negrito e sublinhado. Porque não era pouca merda. A minha vida foi desmoronando de tal maneira na segunda metade de 2011 que não teve um setor que não foi afetado. Eu havia me afastado da minha família, dos meus amigos mais próximos, de todo mundo que importava. Estava extremamente infeliz e insatisfeita no trabalho, tinha acabado de perder uma promoção e não enxergava perspectivas de crescimento ou de mudança. Estava chutando o balde. Tomei um pé na bunda (que, apesar de ter sido de uma maneira muito elegante, educada e cheia de consideração, não deixou de ser um pé na bunda) e estava me sentindo sozinha como nunca antes. E eu só comecei a perceber toda a magnitude da minha situação quando um problema de saúde na família (que hoje já está resolvido) me deu um chacoalhão tão, mas tão grande, que eu caí em mim de uma vez só. E o tombo foi feio. Foi doloroso. Acordei e estava vivendo no meio de um pesadelo. Mas, como de costume, não deixei a peteca cair. O que me movia era a única coisa de bom que tinha restado naquela confusão toda: meu mestrado. Eu tinha uma gana infinita de estudar, aprender, tirar boas notas. E isto me sustentou durante aquele último mês de 2011, até que eu pude ir pro RS, chorar no colo da minha família. E eu chorei muito na virada do ano. Acho que foi o reveillon mais triste que já passei. Tinha um vazio enorme dentro de mim, e eu não sabia nem por onde começar a preenche-lo.
Veio 2012. Poucas expectativas. E aí que é bom: quando você não espera nada da vida, é que ela mais te surpreende, porque qualquer coisa que acontece já é muito. Mas vocês acham que já vamos pro final feliz? Nã, nã, nã. Pastei muito em 2012 antes de chegar neste 5 de dezembro. Eu achei que a vida estava me recompensando quando tive um convite no trabalho. A mudança de área era tudo o que eu queria. E eu agarrei aquela oportunidade com toda minha força. Foi a minha tábua de salvação.
Só que eu tive que abrir mão de muita coisa em 2012. Tive que romper muitas coisas em 2012. Primeiro foi o fim de uma relação de dez anos. Sem brigas, sem ressentimentos, nem arrependimentos. Mas nem por isso foi fácil. Depois foi o fim trágico e abrupto de uma relação de pouco mais de 4 meses (mas que hoje não vou aprofundar isso aqui, porque a morte da minha cã ainda não é uma coisa tranquila pra mim e hoje não é dia de tristeza). Na semana seguinte roubaram minha bolsa, depois caí de cama com suspeita de pneumonia. Perdi um tio muito querido, que era meu ídolo da infância. Tive que lidar com muita burocracia sozinha. Gastei muito dinheiro pra consertar tudo que tinha que ser consertado. Era porrada de todo lado. Dessas coisas que, quando acontecem, não conseguimos entender. Por quê? Só o que eu conseguia pensar era "por quê? por que eu? por que comigo?". Tem algumas coisas que realmente não são feitas para serem entendidas, e, muitas vezes (mais até do que gostaríamos), o tempo do universo não é o nosso tempo. "Quero hoje, quero agora, quero que tudo se resolva". Mas não é assim que funciona. Hoje eu lembro daqueles dias horríveis em que eu chegava no trabalho mas não conseguia ir pra minha sala. Ligava pros meus pais chorando e pedia ajuda. Achava que não ia dar conta. Penso no dia do meu aniversário, quando caiu uma tempestade. Era tempestade lá fora e aqui dentro. Eu achei que não ia mais ter sol pra mim por muito tempo. Foi difícil não deixar a peteca cair. Foi bem difícil.
Mas apesar da solidão que eu senti muitas noites em casa, fui descobrindo que não estava sozinha de verdade. Eu pedi perdão às pessoas que tinha magoado e, pra minha sorte, elas me aceitaram de volta. Não posso negar que muitos braços se estenderam quando eu estava caída.
Devagarinho fui retomando o gosto pelo mundo. Me abri pra vida e, de uns tempos pra cá, tenho recebido o quinhão de coisas boas que o universo estava me devendo.
Tenho vivido momentos excelentes no trabalho. Adoro o que eu faço, estou aprendendo numa velocidade que não julgava possível, estou aplicando o que aprendi no mestrado. E quando você faz seu trabalho com afinco, quando você acredita naquilo que faz, o reconhecimento vem. Também fiz as pazes com minha dissertação (que eu cheguei a cogitar em largar), e agora estou conseguindo ter disciplina pra trabalhar nela.
Devo estar esquecendo de alguma coisa, porque se tem algo que não faltou pra mim em 2012 foi emoção! Minha vida passou por uma dureza tão grande que ganhei do pessoal do trabalho um patuá pra espantar as energias ruins. Por fim, acho que funcionou. No final de 2011, o sentimento que me inundava era a solidão. Agora, depois de tudo o que eu passei este ano, o que eu sinto é uma imensa gratidão. Agora já posso olhar pra trás e dizer que entendo um pouco do que me aconteceu.
E, apesar de correr o risco de ser injusta com alguém, e de saber que muitas das pessoas não lerão este texto, quero agradecer nominalmente algumas pessoas que fizeram o meu ano: Claudete, Faustino, Rosana, Claudio, Matiko, Mariana, Livia, Cristina, Joanna, Fernanda, Kely, Márcia, Julia, Frias, André, Rafael, Bianca, Marco Antônio, Dany, Samantha.
Obrigada!
Pra acabar, eu acho que nenhuma frase resume melhor 2012 do que "
meant to be!" (ou, se preferirem: "era pra ser!").
"É bom olhar pra trás e admirar a vida que soubemos fazer
É bom olhar pra frente, é bom nunca é igual
Olhar, beijar e ouvir, cantar um novo dia nascendo
É bom e é tão diferente"