sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

"TODO SE TRANSFORMA"

Hoje (como se fosse hoje... penso nisso há semanas) eu estive pensando sobre o que foi 2008 pra mim.
É clichê, eu sei, mas é também inevitável chegar nesta época do ano e não pensar sobre o que passou, sobre o que esperar... Enfim, a virada do dia 31 para o dia 1 é só mais uma madrugada, mas não consigo escapar disso.

Começando pelo final, acho que consigo descrever o que foi mais marcante neste ano com uma palavra:
SAUDADE

2008 foi, definitivamente, o ano da saudade. Saudade de cheiros, de pessoas, de comidas, de lugares, de carinhos... Saudade de tanta coisa, que não cabe aqui.

Este ano também foi pontuado pelos desafios.
Encarar a mudança pro Rio, sem saber onde morar, sem conhecer quase ninguém.
Voltar pra vida de estudante, uma prova por semana, trabalhos, cobranças... "Seu emprego por uma nota abaixo da média". Bela navalha pairando sobre a cabeça.
O desafio da distância de tudo que era consolidado, querido e indispensável.
Não é a toa o lema "o desafio é a nossa energia". No meu caso "o desafio roubou minha energia".
Porque assim foi até pouco, pouquíssimo tempo atrás.

Nessa época houveram ainda os pequenos tropeços (um deles foi literal, inclusive). Primeiro, a tal "gastrite nervosa". Realmente, "nervosa" foi uma qualificação que se encaixou bem em mim nestes meses de rotina absurda de 8 horas de aula por dia com mais muitas de estudo em casa.
Depois veio o tropeço real, o ligamento do tornozelo rompido, o desespero de achar que não poderia ir pra etapa vivencial...
Essa foi uma época de trevas. Minha auto-estima se escondeu dentro da botinha de imobilização que eu usava no pé. Encerrei com chave de ouro naquelas semanas de sedentarismo involuntário o meu processo de engorda. Eu falo "engorda" porque acho que engordei numa taxa maior do que um porco que se destina pra esse fim. Foram 12 quilos no total. Não, você não leu mal: eu engordei 12 quilos aqui no Rio, no espaço de uns 4 meses (tá ok, a culpa não foi só do pé machucado).

E assim, lá fui eu viajar pra Santos, me sentindo óóótima (ironia [on]).
Mas lá encontrei meu pai e a Matiko, e acho que foi mais ou menos nessa época que esse relato deixa de ser desastroso pra se tornar quase um happy end ("quase" porque eu não pretendo que tenha fim).
Nessa época, veio a primeira conquista: o primeiro passeio na praia, sem tornozeleira, de pés descalços, sozinha. Era um dia que nem sol tinha direito. Mas não interessava. Eu chorei. Chorei, como uma criança. Andei várias quadras, dei até uns pulinhos (ignorando a dor eventual). Essa caminhadinha me rendeu uma semana de dores mais intensas, mas eu não dei bola. Eu consegui, e isso é que foi importante.

Também foi por esses dias que conheci o Pilates. Eu me apaixonei, por ser algo que respeitava meus limites e que não tinha um bando de gente se amando na frente do espelho. Ali eu senti que estava fazendo alguma coisa por mim, pra ter a minha saúde de volta. Aí eu me lembro de ficar ecoando na minha cabeça uma chamada de um programa no Dyscovery Home & Health: "It's not about weight loss, it's about being healthy and living as long as you can". Aliás, isso ainda ecoa na minha cabeça, e agora é a minha filosofia sobre esse assunto.

Depois teve Macaé. Quando penso em Macaé, me ocorre que, quanto menor a expectativa, maior a chance de dar certo. Eu fui pra lá achando que seria tudo horrível. Tudo bem, a cidade realmente é o ó, mas Macaé me fez tão, tão bem, que não tenho um "i" pra falar de lá (de ruim).
Lá foi a vez de começar a colocar a cabeça em ordem, já que o corpo já começava a se disciplinar novamente. Passei muito tempo sozinha lá (enquanto todos embarcavam e eu não, e aí foi mais um pequeno tropeço), e esse tempo foi providencial.

De volta ao Rio, comecei a procurar o melhor de mim. Tão logo cheguei, retomei o Pilates, que me deu combustível para retomar a rotina de aulas e para os passeios de bicicleta. Estes, agora, se tornaram parte indispensável da minha vida. Quando saio, e sinto o vento no rosto, quando olho praquela paisagem inacreditável, quando chego em casa podre de cansada, aí é que as energias transbordam de mim, e eu acho que sou capaz de abraçar o mundo.

Finalmente, pra conseguir fechar o ano com um saldo positivo, acredito que estou mais sensata e mais equilibrada agora do que em boa parte do tempo destes quase 365 dias.
O melhor de tudo isso é a paz que eu tenho sentido dentro de mim desde que eu consegui promover uma mudança na minha vida. O episódio do pé machucado foi crucial. Na época eu pensei que me machucando todo ano, como vem acontecendo, o que vai sobrar de mim quando ficar velhinha? O susto foi grande e me abriu os olhos para o fato de que não dá mais pra ficar adiando as coisas. Pensando "quando eu estiver com uma vida 'normal' eu terei uma vida mais saudável". E o que é a "vida normal"?

Pedidos pra 2009?
Que continue nesse tom, a cada momento conseguindo discernir melhor o que é realmente importante.

E pra bem ilustrar este momento iluminado, uma foto do meu fotógrafo preferido, de um dos lugares mais lindos da minha querida Porto Alegre.

Foto: José Drehmer (conhece?)



Ah, e por falar em saldo positivo, já se foram 5 quilos! Agora faltam "só" 7


Jorge Drexler - Todo Se Transforma
"Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:

Nada se pierde,

Todo se transforma.
"

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