segunda-feira, 23 de junho de 2008

"This is not what I'm like, this is not what I do"

Fuçando em blogs por aí (tenho lido coisas muito bacanas, vou tentar organizar as idéias e colocar ali nos meus favoritos - incluí hoje o Objetos de Desejo, que é ótimo. O brabo disso é que vou clicando nos links e indo de blog em blog e depois nem sei onde foi que li uma coisa legal) li algo, no mínimo, intrigante: "o genoma dos ornitorrincos acaba de ser completamente decifrado".
Pensei, imediatamente: "o que é que eu, aqui no Rio de Janeiro, debaixo das minhas cobertas, tenho a ver com isso?"
Nada
É, nada!
Pelo menos dei risada.

O fato é que ando tristonha ultimamente...
Não tenho um culpado pra isso, já que nenhuma falha - se é que podemos considerar momentos de tristeza como falhas no sistema - ocorre por uma única causa (afinal, não foi pra isso que eu estudei análise de riscos?).
Mas desconfio de algumas coisas... desconfio de muitas coisas, aliás.

Começando nas mais recentes...

Hoje não trabalhei de manhã e tive prova à tarde. Terminei a prova em uma hora, e, como de praxe, ninguém tinha terminado ainda.
(Antes que vocês pensem qualquer coisa, não, eu não tenho uma inteligência superior, não faço parte de nenhum clã alienígena querendo dominar o mundo e não tenho as provas programadas na minha HP. Eu só faço prova rápido, só isso.)
Como ia dizendo, isso eram 14:30. Imagine a felicidade da pessoa de, numa segunda-feira chuvosa, não trabalhar de manhã e estar liberada às 14:30! Um sonho, não?
Pois é... mas como eu ando ansiosa e impaciente, resolvi que não ia esperar ninguém.
Tomei meu rumo e me escondi embaixo das cobertas e na frente do computador, e cá estou desde então. Nesse meio tempo a Aline (que mora comigo) me ligou convidando pra ir num bar aqui pertinho. Nosso diálogo aproximado e resumido:

Aline: Clarissa, vem pra ca, estamos no bar tal.
Eu: Mas vocês tão bebendo, né? E eu não posso...
Aline: Ah, mas eu to tomando suco de laranja!
Eu: é, mas eu não posso beber nem suco de laranja...

E aí chegamos num ponto importante.
Eu e Elisa estávamos divagando hoje no almoço a respeito de como comida e bebida aproximam as pessoas.
Eu estou exatamente na contramão dessa realidade.
Ah, não posso sair pra beber e nem pra comer... e ver os outros fazendo sem poder compartilhar é masoquismo demais pra minha pessoa.
Estou experimentando a máxima do "nunca fiz amigos bebendo leite". E não tem como mesmo...

O caso é que eu fui no médico sábado.
E ele me encheu de exames e de remédios. Tenho inclusive que fazer uma endoscopia, já está marcada pra sexta-feira. Pelo menos a Joana vai comigo, pra eu não me sentir tão mal.
Quando saí do médico no sábado, com aquele monte de exames pra fazer e remédios pra tomar, andei até a praia e pensei "estou sozinha".
Não quero ser injusta com os amigos que tenho por aqui, eu sei que poderia ligar pra vários deles, mas naquela hora, senti um vazio beeeem grande.
Simplesmente por não saber nem por onde começar e como administrar isso tudo.
Sentei ali num quiosque, pedi um coco e liguei pro Zeca. E acabei com meus créditos.
Me situei e comecei a agir, já marquei os outros exames pra sábado de manhã.
Não foi tão difícil, mas o brabo foi pensar que, se eu estivesse em Porto, nada disso seria assim.
Lá eu já tinha as coordenadas e com no máximo dois telefonemas já resolveria tudo.

Eu sei que não é porque eu já estou melhor que eu posso largar de mão o tratamento e tal.
Aliás, isso deve acontecer na maioria das vezes com a maior parte das pessoas.
E eu não gostaria que fosse assim. Mas o fato é que estou me sentindo uma alienada do mundo!
Isso em UMA mísera semana de tratamento... o que o médico me passou agora vai durar PELO MENOS 28 DIAS!!!
Não, e, me diga, existe uma maneira lúcida de passar um domingo inteirinho estudando sem tomar café, nem chimarrão e nem comer chocolate?
Digamos que com chá de maçã a coisa não funciona tão bem...
Sem contar o sono que essa medicação toda tem me dado.
Eu passo o dia todo revezando meus pensamentos entre o que vou comer na próxima refeição (porque não posso fazer refeições volumosas, o que me deixa invariavelmente com fome o dia todo) e no feliz momento em que encontrarei a minha cama no final do dia.

Que tipo de coisa está acontecendo?
Eu me sinto sozinha mas, ao invés de me aproximar das pessoas, eu me afasto mais delas, sempre na tentativa de não amolar ninguém com os meus problemas.
Hoje mesmo a Elisa e a Joana estavam me falando que sim, eu posso me queixar, posso reclamar da vida, que os amigos também estão aí pra isso.
Que se eu não me queixo pra minha mãe, nem pro Zeca, nem pros meus amigos, pra quem então?
Ora, me queixo pra minha "legião" de leitores!
Imaginem, se eu já fiquei EXTREMAMENTE sem graça e já cheguei me desculpando ao pedir pra alguém ir comigo fazer a endoscopia (e eu só pedi porque o médico disse que era importante), como é que eu vou conseguir chegar em alguém - qualquer pessoa que seja - e derramar todas as minhas aflições?
Isso não é ser orgulhosa. Simplesmente não gosto de pedir ajuda.
E não gosto porque acredito que cada um já tem o seu fardo a carregar, uns com problemas maiores, outros com problemas menores, e não me sinto no direito de envolver ninguém na minha bolha.

Toda vez que penso em como tanta coisa está ruim eu lembro que fui eu quem escolheu vir pra cá, ficar longe de todo mundo e encarar esse desafio maluco que é o Cenpro.
E que se fosse fácil não seria um desafio, seria uma coisa pra qualquer um. E aí fico resignada, aceito quieta. E me fecho. Algo estranhamente novo pra mim!
Eu, que sempre falei demais, que sempre abri a minha vida no primeiro contato com as pessoas, me fechei. Talvez isso seja até uma atitude madura.

Pode ser...

Mas talvez eu tenha mesmo que extravasar mais, chorar mais, me emputecer mais.
Sair desse inverno que, apesar de não se manifestar lá fora, está congelando muita coisa dentro de mim (inclusive a minha habitual faceirice).
E fazer tudo isso com mais ruído, dar vazão e amplificar tudo isso que está se acumulando lá dentro... ...e que virou numa gastrite!

Enfim, eu teria mais umas duzentas divagações e reclamações e coisas (ir)relevantes a dizer.
Mas acho que este post já está gigante e que já devo ter espantado no mínimo a metade das pessoas que pararam pra ler.
Se você chegou até aqui, amigo, obrigada pela paciência e pelo "ombro virtual".

Sem mais (encheção de saco),


Merry Happy - Kate Nash
"I can be alone
I can watch the sunset on my own"

3 comentários:

Anônimo disse...

i love you, flor! :)
Tenho que trabalhar num projeto aqui, te escrevo um email gigante cheio de novidades amanhã!

beijo!

Cris Moreira disse...

Como assim, Cissa? Tu tá melhor? Ai ai ai, fica aí aprontando, longe de casa!

Te cuida, guria. Beijo

Dani disse...

Cissa, quando "a bolha" é coletiva a lei das compensações se encarrega de deixar tudo menos pesado pra cada um.
Pensa nisso.

E tenho dito!

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