terça-feira, 24 de março de 2009

Sinais de vida

Queridos amigos,

Realmente a coisa ontem foi completamente surreal, ficção mesmo.
Eu permaneci trancada no banheiro até umas 2h da manhã. Mas como não estava mais aguentando ficar lá na cadeira de praia, tomei coragem e montei acampamento no corredor, onde pude deitar e dormi umas 4h...

Vocês podem conferir clicando aqui e lendo o que outras pessoas comuns como eu falaram sobre o que viveram ontem.

Por enquanto estou digerindo...
Não tive coragem de permanecer em casa. Hoje de manhã arrumei minha mala e vim para a casa de um amigo, onde ficarei até sexta.

Agora sou uma refugiada.

Refugiada de uma guerra velada. Sem poder ir para a minha casa.
Sem ter coragem de pisar em Copacabana.
Domingo de noite voltarei pra casa (vou pra Porto no final de semana). E só de pensar nisso já tenho calafrios. Mas a vida segue, e preciso voltar para lá.

Algumas coisas me acalmam: saber que em breve estarei de mudança é uma delas.
Uma coisa me deixa confusa, não sei se é bom ou ruim: hoje a polícia anunciou que vai manter a ocupação no morro por tempo indeterminado.

Bom, seja o que for, pelo menos acho que hoje vou dormir uma noite inteira e tranquila. Estou exausta...

Gostaria de agradecer a todos que, de alguma forma, me deram força nestes momentos de terror que eu vivi.
Àqueles que demonstraram, ligaram, aos que fizeram pensamento positivo, aos que rezaram, aos que ficaram me entretendo no MSN pra que eu pudesse desviar o pensamento.
Aos que ofereceram suas casas e minutos de conforto ao telefone.

Muito obrigada, de coração.
Apesar de ter enfrentado aquela noite de terror sozinha em casa, vi que não estava desamparada.

Também quero agradecer a minha família, e ao mesmo tempo me desculpar por ter causado tamanha preocupação. Eu juro que vou fazer o que estiver ao meu alcance para reduzir o risco de fazê-los passar novamente por esse suplício.

Agora eu acho que estou com os sentimentos embaralhados.
Quando lembro dos detalhes, sinto vontade de chorar, e me pergunto como consegui atravessar a noite mesmo com toda aquela tensão psicológica...
Realmente somos capazes de coisas incríveis quando levados ao extremo.

Estou muito cansada, e espero não ficar revivendo tudo ao fechar os olhos para dormir.

Por favor, se não for pedir demais, continuem rezando por mim...
Estou realmente precisando de muita força.

Porque muitos cariocas me disseram hoje que eu tinha que me acostumar com isso, que era normal.

Desculpem, isso NÃO É NORMAL. EU NÃO VOU ME ACOSTUMAR.
E estou chocada, abalada, traumatizada.

Eu ainda nem comentei nada sobre o fim das minhas atividades de cenpro. Mas agora não tô com cabeça. Preciso dormir, de verdade...

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